quarta-feira, 29 de março de 2006

Quero voar...

Num banquete de flores eu como somente os espinhos
No corredor estreito eu me sufoco pela falta de ar
No elevador tenho a sensação que estou caindo
No meu arco íris só vejo preto e branco
Invento uma quinta estação para o ano não acabar
Resolvo equações pra cabeça te evitar
Nos acordes em dó maior adquiro uma ira
Nas esquinas sujas vejo putas na labuta
Nos bares fedorentos trago um cigarro e tomo uma pinga
E na ponta dos pés
Em cima do parapeito
Eu vou me jogar
O meu sonho é voar...

sábado, 25 de março de 2006

Afundado num sofá

No belíssimo ceú de Vanilla Sky
Eu absorvo uma tristeza
Fico amuado sem saber porque
No reflexo da janela
Eu vejo às pessoas se divertirem
Do outro lado da casa
Um amigo chora
E eu aqui
Afundado num sofá
Vendo o mundo acontecer
A cerveja é minha companheira
E o cafuné num cachorro me satisfaz
Fico feliz por saber que os amigos estão próximos
Mas e essa tristeza
De onde vem?
Eu me pergunto
Me pergunto
E não encontro resposta alguma
E o sábado está apenas começando

sexta-feira, 24 de março de 2006

Às vezes é preciso fugir

Rôo a unha num momento de inquietação
Estou descalço caminhando pela rua
É madrugada
As ruas estão tímidas
Estão com medo
Eu também estou
Mas não da rua
Estou com medo de mim
Porque estou aqui
Fugindo dos meus pensamentos

sexta-feira, 17 de março de 2006

O Mímico

Das mãos leves ele faz uma borboleta voar
Envolto em seus braços uma criança sorri
Tateando o ar ele faz-se preso em uma porta de vidro
Tudo isso é mágico.
Tudo isso é gesto.
Tudo isso é mímica.
Tudo isso é o mímico.
Encantador quanto uma poesia de Drummond
Fascinante quanto um vestido de noiva
Envolvente quanto um abraço forte
A maquiagem parece esconder o olhar atento que espia de soslaio o público para saber se está agradando.
Os ouvidos nem pensam em escutar outra coisa senão os risos e os aplausos da platéia.
No sorriso esboçado no rosto do mímico vemos o nosso sorriso.
Esquecemos que estamos a trabalho e que temos compromissos.
Pairamos com olhos atentos e fixos na encenação do artista principal.
E saldamos este homem de leveza rara e de áurea tão irradiante.
E vivamos o mímico.

quinta-feira, 2 de março de 2006

Sob a luz alaranjada dos postes

Caminhando pela rua
Madruga chuvosa e fria
Fico deslumbrado a cada pensamento meu
Às vezes desconfio do que eu penso
Viajo em devaneios
E sonho como um bobo
Sou patife e infantil
Insano e safado
Mas permito-me sonhar
Mesmo em dias de chuva e frio

No Tears

Tristeza No peito dos outros Não chora