terça-feira, 25 de março de 2008

Triste final de noite

Mais tarde, bem mais tarde da noite, ele assopra a última vela romanticista. Coloca os pratos e os talheres sujos junto com as taças e a louça do jantar tudo dentro da pia. Vai caminhando tristonho e pensativo para a sala. Nem quer mais beber. Nem quer mais fumar. Desliga o som da sala – relutou pra desligar, a música era uma das preferidas. Mas não, a solidão lhe pegou de jeito. A noite havia sido um fracasso. Ele conseguiu estragar tudo. De um jantar romântico a um... sei lá o que... desastre total. Deitou-se no tapete da sala e a sua única companhia era uma luz meio alaranjada que insistia em incidir por entre as cortinas e formar sombras bruxuleantes nas paredes. Olhou para o teto... e olhou, olhou e olhou. E tudo que pensava era sobre o nada. Não conseguia pensar em nada. Devaneava sobre o nada. Queria até poder sonhar com uma noite diferente, com um final feliz com a garota que convidou para jantar. Mas não, fez tudo errado e o final lhe rendeu apenas à solidão imediata sem fugas rápidas nem entre os equilibristas de copos nos balcões dos bares próximos.

domingo, 23 de março de 2008

Pink Cell Phone

Ela disse ´já te ligo' e eu pensei 'não vai ligar'. Não ligou!
Eu disse 'pode ligar' e ela pensou 'depois eu ligo'. Ela não ligou!
Os outros disseram 'ela vai ligar' eu pensei 'talvez ela ligue'. Nem ligou!
Minha mãe disse 'daqui a pouco ela liga' eu meus irmãos pensaram 'duvido que ela ligue'. Jamais ligou!
Meu pai me disse 'ela não vai ligar' eu pensei 'ah.. sei lá'. Realmente não ligou!
Ela pensou 'vou ligar' e minha irmã falou 'telefone para você' e eu falei 'diga que não estou'. Nunca mais ligou!
E ela falou pra sua mãe 'ele mandou dizer que não estava' minha irmã falou 'você é um burro' meus irmãos perguntaram 'por que não atendeu?' minha mãe disse 'tadinho do meu filho' meu pai resmungou 'tem milhares por aí' e eu pensei 'me deixem em paz'.

quarta-feira, 19 de março de 2008

Ponto final

O cabelo negro tingiu a pele branca a essas alturas já meio rosada
As unhas cravaram nas costas
Os olhos se fecharam
A boca se abriu sem lançar som
Era o ponto final

quarta-feira, 12 de março de 2008

Sem ele...

Certeza, tampouco confusa
Acendia, levemente apagada
Sorria, um tanto madura
Jurava, com os dedos cruzados
Sonhava, com o homem do lado
Caminhava, até mal amada
Olhava, já censurada
Corria, um tanto cansada
Deitava, meio dormida
Acordava, quase com sono
Vivia, olhando viver

No Tears

Tristeza No peito dos outros Não chora