No banheiro. Após lavar as mãos. O rapaz se vê diante do pegador de papel toalha. A mão pingando, molha a pía, o chão e a calça. Aproveita a água da mão e dá um jeito no cabelo. No pegador de toalhas um aviso: APENAS DOIS PAPÉIS SÃO SUFICIENTES PARA SECAR AS MÃOS. O que é isso? Apenas dois papéis? Mas nem pensar. São duas mãos com dez dedos. Dois papéis não vai dar. Ele pensa. Analisa. E se desafia. Puxa o primeiro papel. E puxa o segundo papel. Começa a secar as mãos. O papel logo fica todo ensopado d'água. E a mão? Claro que está úmida ainda. Ele vai para pegar mais um papel. Mas o aviso parece agora ser maior do que antes. Parece um letreiro. Uma fachada de loja. As letras estão enormes. Parece até ter uma voz lendo o aviso: APENAS DOIS PAPÉIS SÃO SUFICIENTES PARA SECAR AS MÃOS. Que se foda esse aviso. O que são mais uns papéis. Mas a frase continua lá. Enorme. Repetindo na sua cabeça. APENAS DOIS PAPÉIS SÃO SUFICIENTES PARA SECAR AS MÃOS. Ele pára. Fica injuriado. Se dá por vencido e sai do banheiro secando as mãos na calça.
quarta-feira, 31 de janeiro de 2007
terça-feira, 30 de janeiro de 2007
Cegos na escuridão
A escuridão esconde o que a claridade aponta. Tarde demais. Fugiu do templo. Fugiu do clã. Agora são noites à fio. Atrás de navalhas para riscar a carne. Sangra o teu corpo. Sangra a tua consciência. Sangra o teu amor. Chora você. Chora todos ao seu redor. Agora é tarde? Você pensa ao se arrepender. Talvez não. Vamos lá. Apenas acenda a luz novamente. Enfrente o que a claridade lhe aponta. São falhas. Rachaduras na parede do seu quarto. Simples de consertar.
segunda-feira, 22 de janeiro de 2007
Flagra?
A insegurança está nos olhos das meninas e dos meninos. A incerteza entope as salas com uma neblina invisível de medo. Os caninos aparecem no sorriso amarelo e disfarçante das pessoas. Crachás, mesas e computadores. A música serve pra enganar os pensamentos e até, por que não, afastá-los. Sirva-se de um café quente, sem açúcar, no copo de plástico e aguce o paladar, pois a manhã será lenta e tenebrosa. Sabe se lá quem vai e quem vem. Isso mesmo. Sabe se lá quem vai e quem vem. O vento sopra as venezianas e o ar gela a sala. Risadas distraem. O toque do telefone amendrota. A palavra chefe estremece. É o medo. É a incerteza. O jogo está só começando. Pode rezar. Boa sorte!
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