sexta-feira, 20 de junho de 2008

O dia que não existiu

– Extra, extra, não há notícia na manhã de hoje.
– Extra, extra, nada aconteceu no dia de ontem.
O vendedor de jornal anuncia sem muita força e sem muita vontade a maior novidade dos últimos anos na pequena cidade: a imprensa parou, não houve notícia alguma para ilustrar as folhas do jornal do dia seguinte.
A cidade toda se espantou. Nem piadas, nem receitas, nem previsão do tempo, nem futebol, nem coluna social, tampouco política, economia ou notícias populares. A data de ontem simplesmente não existiu na pequena cidade.
O padeiro esperou o jornal pela manhã. Não veio.
O empresário, ainda de pijamas, abriu a porta para pegar o jornal, sempre deixado no tapete de entrada. Não veio.
O porteiro do prédio esperou ansioso pelo jornal logo na primeira hora do dia. Não veio.
Todas da pequena cidade ficaram surpresos com tamanha novidade. Não havia notícia para ser lida. Não havia informações novas para serem conversadas no ponto de ônibus, na fila do pão, na mesa do bar. O dia de ontem simplesmente não existiu e a grande notícia do dia foi, realmente, o fato de não haver notícia que ilustrasse uma página sequer do jornal da pequena cidade.
– Extra! Extra! O dia de ontem não existiu. Não há jornal para se ler no dia de hoje.
Anunciava o menino vendedor de jornal.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Vita Brevis

Acredite, ainda há espaço neste álbum de fotografias
Basta usar o seu melhor sorriso
Seu melhor suéter
E lembrar que ainda é muito bom viver

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Amargo

Naquele dia em que ele foi obrigado a confessar
Choveu dores no peito e lágrimas sobressalentes em seus olhos
Jamais pensou em ter que optar pela vida ou pela verdade
Sofrera como jamais havia sofrido
Relembrou de velhos códigos, estratégias, conversas secretas
Das ameaças e das fugas
Das batalhas e das intrigas internas da guerilha
Sonhou em não estar ali naquele lugar
Fechou os olhos e se imaginou longe, bem longe
Que aquela arma na sua cabeça era apenas mais um dos rigorosos pesadelos que era acometido desde aqueles tempos idos
Abriu os olhos vagarosamente, querendo não enxergar o coturno embarrado a sua frente
Milímetro a milímetro os olhos foram se abrindo e o coturno sendo desvendado
Não era um sonho, não era um pesadelo. Era a dura realidade.
A vida ou a morte?
Não confessar e morrer?
Confessar e ser um sobrevivente vexatório?
Muitas perguntas lhe acometiam a mente. Ele tremia. Devia estar pálido, com os olhos fundos.
A última pergunta. O saco na cabeça seguido de uma coronhada. O último berro do general. O engatilhar da arma.
- Eu confesso.... eu confesso... pelo amor de Deus....

terça-feira, 10 de junho de 2008

Foz do Iguaçu, uma fantástica cidade que precisa entrar nos eixos

Ao completar 94 anos de emancipação política, Foz do Iguaçu, se comparada a um ser humano, já estaria na melhor idade, agora, perto dos grandes centros urbanos e das capitais do nosso país, a Terra das Cataratas, ainda é uma jovem cidade.
Famosa por viver e se adaptar a ciclos econômicos e sociais, Foz do Iguaçu justamente por esses ciclos, abriga atualmente mais de 80 etnias em uma população que ultrapassa 310 mil habitantes.
Essa diversidade cultural, marca registrada da nossa população, agregada a fatores como a localização em uma das três fronteiras mais conhecidas do mundo formada por Foz do Iguaçu, no Brasil, Puerto Iguazú, na Argentina e por Ciudad Del Este, no Paraguai, e a atrativos turísticos inovidables como as Cataratas do Iguaçu e a Itaipu Binacional, fazem de Foz uma atraente cidade para o turismo e para investidores. Fato que pode ser comprovado pelo título da Embratur de segundo destino turístico mais procurado por estrangeiros que vêem ao Brasil, perdendo apenas para o Rio de Janeiro. E ainda, pelos registros anuais de mais de um milhão de visitantes no Parque Nacional do Iguaçu, onde está localizada as Cataratas do Iguaçu.
Já os investidores potenciais podem ser vistos pelo comércio da cidade. Marcas como a rede de supermercado Big e Makro Atacado instalaram-se recentemente em Foz. Neste ano a Peugeot e a Mitsubishi abriram as portas na cidade e hoje, formam um quadro de revendas de carros com marcas tradicionais no ramo automobilístico como a Fiat, Chevrolet, Nissan, Renault, Ford, Mitsubishi, Kia, entre outros. E, quem passa pela marginal da BR 277, na altura da Auto Foz, já pode ver que a Citroën está preparando o terreno para também ser mais uma empresa que confia e visualiza bons negócios em Foz do Iguaçu.
A Construtora JL foi outra empresa que deu seu voto de confiança à cidade ao terminar com o lendário esqueleto de shopping na esquina da Avenida Paraná com a República Argentina, e eis que nasceu o Cataratas JL Shopping que trouxe para o conforto dos iguaçuenses, marcas poderosíssimas como a rede Americanas, Bob’s, Giraffas, entre outros.
Méritos para a cidade que é vista como um bom lugar para se investir e méritos para a nossa população que é considerada um bom público alvo. Mas aí vem a pergunta: o município realmente dá a contrapartida para atrair mais investidores (considere também os turistas) e para mantê-los ‘vivos’ por aqui?
A resposta pode ser iniciada com o termo “fica a desejar”, pois o orçamento destinado a Secretaria de Turismo é muito aquém do que uma cidade turística necessita para divulgar os seus atrativos no Brasil e no exterior. O nosso Centro de Convenções, ainda hoje, não tem nem ar condicionado para combater os 40 graus que fazem no Verão. O aeroporto, até hoje, espera por uma reforma (este também não tem ar condicionado) na sua estrutura e também na pista de pouso. A BR 469, trecho até as Cataratas do Iguaçu, também não viu a sua duplicação acontecer e o discurso para tanto virou apenas promessa de palanque. O que se vê ao transitar pela BR 466 são buracos, má sinalização, falta de acostamento, e uns piscinões d’água abertos no início de sua fracassada reforma embargada por uma licitação mal elaborada. Há também o projeto de reforma e paisagismo da Avenida das Cataratas, que leva até a BR 466, conduzindo até o Centro de Convenções, aeroporto internacional, Parque das Aves e Parque Nacional do Iguaçu, tendo, como fim da linha, as Cataratas do Iguaçu, Patrimônio Natural da Humanidade tombado pela Unesco.
Agora imaginemos todas essas reformas concluídas. Imaginou? Eu também! Não seria por aí o início da transformação que tanto sonha os iguaçuenses e os jovens que aqui vivem? A cidade cresceria imediatamente apenas com essas ações que, diga-se de passagem, já estão todas no papel, já foram todas anunciadas na imprensa, já foram todas calculadas em cifras e, já foram todas empurradas com a barriga, deixadas para depois, por culpa de má administração, por culpa de licitações mal resolvidas e ainda por culpa da falta de representação política em Brasília.
A jovem cidade de Foz do Iguaçu, ainda que muito jovem precisa agir como adulto, para que os nossos jovens não tenham que ir realizar os seus sonhos em outras cidades, longe de casa, dos amigos e, principalmente, longe da família. O que precisa entrar nos eixos é justamente esse alinhamento de idéias e ações, pois se há investidores, se há turistas vindo à Foz, então precisa-se, urgentemente, de mais visão dos nossos governantes.
Enchamo-nos de esperanças e brindemos os 94 anos de Foz do Iguaçu.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Pano de fundo

O Portishead é quase um grito de socorro
O headphone me a ajuda a isolar o ingrato
Se o telefone tocar, não vou escutar
Sustento-me em suplícios e palavras soltas no ar
Do outro lado da janela, a do pvt, uma pessoa de verdade
Por detrás das paredes de concreto, n’outra sala
Uma suposta realidade
Diga amém, meu bem e finja ser quimeras de alguém

No Tears

Tristeza No peito dos outros Não chora