terça-feira, 24 de outubro de 2006

Esnobes

Excelentes conquistadores de sonhos
Esnobes quanto à vida alheia
Odeiam pobres e odeiam negros
Desgraçados racistas!
Quem conclama as suas vidas
Não merece glória no futuro
Meticulosos sábios
Já previam a desgraça humana

segunda-feira, 23 de outubro de 2006

Fim de festa

Chora no meu colo garota que eu vou fingir me preocupar
Vomita palavras desconexas no meu nobre vocabulário que eu vou fingir te entender
Acusa e desacusa quem abusa do seu abusar
Faz-se sombra o seu olhar
Vibram-se as vibrações negativas e as minhas positivas quer roubar
Solta a minha mão, boa noite, vou andar

segunda-feira, 9 de outubro de 2006

Sem saber

Não rabisque o infinito cedo demais
Feche cortinas, temporais
Lamento o choro e a vela
Como é que era mesmo?

Luz pouca

Vinho tinto pra regar a moça
Luz pouca só pra se fazer enxergar
Cabelos, beijos e suor
Afagos, sussurros e adeus

quinta-feira, 28 de setembro de 2006

Moon Dana

No outro lado do bar ela se esquiva sobre a mesa
Segura o taco como se segurasse uma rola
Faz biquinho e careta quando erra como se estivesse levando a rola
E beija e seduz o babaca que está bancando a cerveja

segunda-feira, 25 de setembro de 2006

Knife Party

Deftones pra estourar o cérebro do idiota que ousou não gostar

Banquet

Nono andar já é bastante
A subida pela escada é exaustiva
Gordo e sedentário quase morre do coração
Transpira até por poros inexistentes
Na sala de estar
Urubus o aguardam pro jantar

quinta-feira, 21 de setembro de 2006

Coincidência

– Léo, comecei ontem a ler o livro “Onde foi que vocês enterraram nossos mortos?”.
– Orra, massa. Mas de quem é o livro?
– Do Aluízio Palmar.
– Sim, sim. Mas o exemplar de quem é?
– É dele também.

Uhmm...é na casca então?

– Tomei suco de maracujá e estou morrendo de sono.
– É tudo pira. Tudo psicológico.
– Mas como, se estou morrendo de sono?
– A substância que dá sono está presente na casca do maracujá e não na polpa.
– Uhmmm...
– É tudo psicológico. É tipo manga com leite.
– Puta merda...

À minha mãe

Eu poderia falar sobre várias deusas da mitologia
Poderia falar sobre Ísis, Afrodite, Hera, Shiva Vishnu, Lashmi, Jaci, Trebaru
Poderia falar ainda sobre Nujalik, Pukkeenegak, Alemona, Atlacamani, Átis, Leto, Ninlil, Bellona, Aulanerk, Nekhbet, Elli, Nantosvelta, Syn, Nu Kua e Coatlicue
Tantos nomes difíceis
Tantas causas e paixões
Tantas deusas inesquecíveis
Mas nenhuma melhor que a Deusa Fátima
Minha ilustríssima mãe

terça-feira, 19 de setembro de 2006

Incontestável

- Me passa a faca
- O que você vai fazer?
- Anda, me passa a faca. Estou mandando.
- Pelo amor de Deus, Fidel.
- Cala essa boca, vadia.
- Sai, deixa que eu mesmo pego.

Poesia em carne e osso

Não há folha em branco
Que branco permaneça
Se eu pensar em você
Você é a própria poesia!

Descolorido

Tento colorir o meu dia
Mas lápis de cores sempre quebram a ponta

Pré-julgamento

Atravesso a rua e paro na calçada
Converso com um mendigo ali parado
Fico feliz ao saber que ele sabe escrever
Peço-lhe que escreva para mim
Dou-lhe um papel e uma caneta
Digo-lhe o meu nome
“Um grande abraço ao meu melhor amigo, Robson”
Lágrimas vêm abaixo e abraço o meu melhor amigo

segunda-feira, 7 de agosto de 2006

Hiato

O sorriso sujo
Marcado por uma áurea de ingratidão
Decepciona-me
A surpresa não te impressiona
E eu caio por terra
A garota do portão ao lado
Não passa de um hemisfério longínquo
Deste planeta

domingo, 6 de agosto de 2006

Um adeus...

Na manhã do dia seguinte
Me sorri como se tivesse encontrado um diamante raro
Me diz palavras de carinho
E me abraça forte
O corpo ainda quente das cobertas
Não combina com o seu pé gelado
Passo a mão em seu cabelo
Dou-lhe um beijo e digo adeus

sábado, 3 de junho de 2006

Duas faces

Infindáveis são os sorrisos
Nos rostos dos desavisados
Infindáveis são os sorrisos
Nos rostos dos desinformados
Infindáveis são os sorrisos
Nos rostos dos despreocupados

Rancorosos são os rostos
Daqueles avisados
Rancorosos são os rostos
Daqueles informados
Rancorosos são os rostos
Daqueles preocupados

quarta-feira, 29 de março de 2006

Quero voar...

Num banquete de flores eu como somente os espinhos
No corredor estreito eu me sufoco pela falta de ar
No elevador tenho a sensação que estou caindo
No meu arco íris só vejo preto e branco
Invento uma quinta estação para o ano não acabar
Resolvo equações pra cabeça te evitar
Nos acordes em dó maior adquiro uma ira
Nas esquinas sujas vejo putas na labuta
Nos bares fedorentos trago um cigarro e tomo uma pinga
E na ponta dos pés
Em cima do parapeito
Eu vou me jogar
O meu sonho é voar...

sábado, 25 de março de 2006

Afundado num sofá

No belíssimo ceú de Vanilla Sky
Eu absorvo uma tristeza
Fico amuado sem saber porque
No reflexo da janela
Eu vejo às pessoas se divertirem
Do outro lado da casa
Um amigo chora
E eu aqui
Afundado num sofá
Vendo o mundo acontecer
A cerveja é minha companheira
E o cafuné num cachorro me satisfaz
Fico feliz por saber que os amigos estão próximos
Mas e essa tristeza
De onde vem?
Eu me pergunto
Me pergunto
E não encontro resposta alguma
E o sábado está apenas começando

sexta-feira, 24 de março de 2006

Às vezes é preciso fugir

Rôo a unha num momento de inquietação
Estou descalço caminhando pela rua
É madrugada
As ruas estão tímidas
Estão com medo
Eu também estou
Mas não da rua
Estou com medo de mim
Porque estou aqui
Fugindo dos meus pensamentos

sexta-feira, 17 de março de 2006

O Mímico

Das mãos leves ele faz uma borboleta voar
Envolto em seus braços uma criança sorri
Tateando o ar ele faz-se preso em uma porta de vidro
Tudo isso é mágico.
Tudo isso é gesto.
Tudo isso é mímica.
Tudo isso é o mímico.
Encantador quanto uma poesia de Drummond
Fascinante quanto um vestido de noiva
Envolvente quanto um abraço forte
A maquiagem parece esconder o olhar atento que espia de soslaio o público para saber se está agradando.
Os ouvidos nem pensam em escutar outra coisa senão os risos e os aplausos da platéia.
No sorriso esboçado no rosto do mímico vemos o nosso sorriso.
Esquecemos que estamos a trabalho e que temos compromissos.
Pairamos com olhos atentos e fixos na encenação do artista principal.
E saldamos este homem de leveza rara e de áurea tão irradiante.
E vivamos o mímico.

quinta-feira, 2 de março de 2006

Sob a luz alaranjada dos postes

Caminhando pela rua
Madruga chuvosa e fria
Fico deslumbrado a cada pensamento meu
Às vezes desconfio do que eu penso
Viajo em devaneios
E sonho como um bobo
Sou patife e infantil
Insano e safado
Mas permito-me sonhar
Mesmo em dias de chuva e frio

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2006

Fugaz = fugitivo, passageiro, rápido

Às vezes sou surpreendido por uma coisa fugaz
Outras nem sempre são tão fugazes assim
Algumas deixam marcas para sempre
Castigam e punem a alma pura de um homem
Fugaz. Fugaz nem os pensamentos
Nem a fúria
Nem o ódio
Nem o amor
Contra as coisas fugazes
Somente a fuga fugaz

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2006

O tempo é o tempo

Congelo o tempo
Mas ele derrete em minhas mãos
Retrato o tempo
Mas ele não fica bonito
Desenho o tempo
Mas depois é incompreensível
Escrevo o tempo
Mas depois não consigo ler
Assim é o tempo
Rápido e rasteiro
Como um forasteiro
Atrás de presas fáceis

quinta-feira, 12 de janeiro de 2006

Você

O vôo da borbeleta faz-me sentir mais vivo
E aí eu lembro que com você
Aprendi a gostar mais da natureza
Aprendi a gostar mais das flores
Aprendi a gostar mais de cães e gatos
E aí eu lembro que com você
Aprendi a gostar mais de você

terça-feira, 10 de janeiro de 2006

sexta-feira, 6 de janeiro de 2006

Meros Mortais

O que esperar do mundo se não temos paz nem quando deitamos em nossa rede posta entre duas mangueiras no quintal de nossa própria casa
O que falar para nossos filhos quando forem sair de casa
Para se cuidarem, sendo que corremos tantos riscos quando tínhamos a idade deles
Falar para transarem com camisinha, sendo que transamos tantas vezes sem
Falar que a vida é bela, sendo que sentimos o gosto amargo da vida e vimos que belo é somente o olhar sincero de nossa mãe
Testamos a nós mesmos e desafiamos a vida
Não sentimos medo do que deveríamos temer
Assim somos nós. Meros mortais

quinta-feira, 5 de janeiro de 2006

Neste ano de 2006

Neste ano novo quero pular de braços abertos no infinito
Dar um salto no escuro e na metade do caminho avistar luz e pouso
Das minhas fraquezas vou tirar soluções
Em cada lágrima que escorrer no rosto a sensação de vitória e não de perda
No sorriso espontâneo a certeza de alegria suprema
No entrelaçar das mãos o desejo de uma companhia
No cafuné amistoso a realidade de um carinho verdadeiro
Peneirei os pensamentos do ano que passou e algumas sujeiras ficaram para que eu, neste ano novo, possa com calma limpa-las e ser ainda mais feliz do que fui em 2005
Boa sorte pra mim e boa sorte pra você
Nunca se engane
Nunca subestime um sonho
Nunca aborte uma missão
Nunca duvide do amor. Ele existe
Sonhe, Sonhe, Sonhe
O sonho engendra a alma e a vida e te arranca sorrisos mesmo nos dias mais pesarosos
Felicidades. Sempre.

[Bem vindo ao meu espaço "Escrito à mão". Escolhi este nome pois aqui estarei colocando meus pensamentos, idéias, poemas e, nada mais sugestivo do que um título como este, pois é no papel, escrito à mão mesmo, que as melhoras idéias são transcrevidas. Espero que gostem, sou um poeta amador, um escritor amador e um sonhador profissinal]

No Tears

Tristeza No peito dos outros Não chora