segunda-feira, 30 de março de 2009

Um homem só

Era quase um hábito cultivar a ignorância
Não a dele. A alheia.
Julgava triste assistir os incautos de terceiros
Conjugava, em primeira pessoa, ser um homem justo, esmerado, passional
Contudo, a terceira via conjugável o feria os tímpanos e sujavam a sua indelicadeza
Relevava e até desculpava
Mas no ponto alto da conveniência a intolerância o perseguia
Era culto demais
Esse era o problema

terça-feira, 17 de março de 2009

Num sonho de H.P. Lovecraft


Era deprimente olhar a cara dela enquanto observava a televisão
Estava com a cabeça sabe-se lá onde
Corria os olhos sobre as imagens
E, visivelmente, não dava atenção a qualquer detalhe, cor, objeto ou som
Estava inerte em uma dimensão só sua, criada pela sua própria imaginação
Não escutava a qualquer chamado
A qualquer cutucão
Esbarrão ou grito de socorro
Só estava, sabe-se lá onde

No Tears

Tristeza No peito dos outros Não chora