sexta-feira, 20 de junho de 2008

O dia que não existiu

– Extra, extra, não há notícia na manhã de hoje.
– Extra, extra, nada aconteceu no dia de ontem.
O vendedor de jornal anuncia sem muita força e sem muita vontade a maior novidade dos últimos anos na pequena cidade: a imprensa parou, não houve notícia alguma para ilustrar as folhas do jornal do dia seguinte.
A cidade toda se espantou. Nem piadas, nem receitas, nem previsão do tempo, nem futebol, nem coluna social, tampouco política, economia ou notícias populares. A data de ontem simplesmente não existiu na pequena cidade.
O padeiro esperou o jornal pela manhã. Não veio.
O empresário, ainda de pijamas, abriu a porta para pegar o jornal, sempre deixado no tapete de entrada. Não veio.
O porteiro do prédio esperou ansioso pelo jornal logo na primeira hora do dia. Não veio.
Todas da pequena cidade ficaram surpresos com tamanha novidade. Não havia notícia para ser lida. Não havia informações novas para serem conversadas no ponto de ônibus, na fila do pão, na mesa do bar. O dia de ontem simplesmente não existiu e a grande notícia do dia foi, realmente, o fato de não haver notícia que ilustrasse uma página sequer do jornal da pequena cidade.
– Extra! Extra! O dia de ontem não existiu. Não há jornal para se ler no dia de hoje.
Anunciava o menino vendedor de jornal.

4 comentários:

Anônimo disse...

Eu sempre venho aqui e sinto o maior orgulho!

Unknown disse...

E seu esse texto?
Dá hora!

thierry disse...

Que medo desse texto!
:/
Sempre tive medo de o dia não amanhecer, ficar noite para sempre ou coisas desse tipo. Não sei o motivo!


Acho que eu não entendi muito bem também!
:x

Pablo Braga Machado disse...

O dia em que a terra parou... hehe

No Tears

Tristeza No peito dos outros Não chora